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Segundo a especialisa, o ESG deve ser levado em conta pelos empreendedores brasileiros em Portugal por vários fatores, como a continuidade no mercado e o potencial de acessar mercados que as empresas não conformes poderão perder.

Texto: Amanda Lima

Os indicadores ambientais, sociais e de governação corporativa, o famoso ESG, na sigla em inglês, formam um dos conceitos mais atuais no mundo dos negócios. Em Portugal, uma brasileira desponta como uma das autoridades na área. É Yone Macedo Gomes, de 33 anos, nascida em Brasília e que vive no país há seis anos.

Nesta semana, a imigrante começou um programa de aplicação prática dos princípios ESG em pequenas e médias empresas portuguesas, na Associação Empresarial de Braga. A iniciativa teve a inscrição de 80 empresas, diz ao DN BrasilEste mesmo programa será expandido para outras cidades do país, como Viana do Castelo e Oeiras. Não é a primeira vez que a brasileira faz este tipo de trabalho. Através de uma parceria com a empresa Sustanya, realiza projetos de capacitação para associações empresariais em várias regiões de Portugal.

Ao jornal, a imigrante destaca que o tema é de interesse tanto de Portugal, quanto do Brasil, mas há diferenças entre os dois países nesta área.

“Em Portugal, o país está sob um robusto arcabouço regulatório europeu, que promove e incentiva o desenvolvimento da sustentabilidade. No Brasil, acredito que a discussão ainda é muito centrada no âmbito reputacional, o que é evidenciado por um estudo que revela que o fortalecimento da reputação no mercado e o melhor relacionamento com os stakeholders são os principais motivadores para a adesão às práticas ESG pelas empresas brasileiras”, explica.

Na visão da especialista, uma coisa que é comum entre Brasil e Portugal é a falta de profissionais nesta área. “Com todas essas novas obrigações em matéria de sustentabilidade, há uma crescente demanda por profissionais qualificados em ambos os países. No entanto, ainda existe uma lacuna significativa na compreensão das empresas sobre o que realmente buscam e precisam desses profissionais”, relata.

Na questão da formação, há diferenças. No Brasil, são mais abrangentes, enquanto aqui tendem a ser mais específicas.  “Lá os cursos abrangem um número maior de perfis profissionais, enquanto em Portugal as formações tendem a ser mais específicas. Essa diversidade de ofertas de formação é crucial para atender à demanda por profissionais qualificados que possam efetivamente implementar práticas ESG nas organizações”, detalha.

ESG para imigrantes

De acordo com Yone, o ESG deve ser levado em conta pelos empreendedores brasileiros em Portugal por vários fatores, como a continuidade no mercado e o potencial de acessar mercados que as empresas não conformes poderão perder.   “O empreendedor imigrante que investe em sustentabilidade torna sua empresa mais competitiva, ganhando espaço em uma agenda que só tende a crescer. Além disso, os consumidores estão cada vez mais interessados na realidade das empresas e em busca de produtos e serviços mais responsáveis”, analisa.

Ao mesmo tempo, torna o negócio mais atraente para possíveis investidores. “Os investidores também estão mais interessados em empresas que incorporam práticas sustentáveis e responsáveis em seus negócios. O ESG é uma oportunidade de construir resiliência e adaptar-se às mudanças que estão, cada vez mais, surgindo. E essa demanda por práticas sustentáveis é imediata e crescente”, ressalta.

E por onde começar? Segundo a especialista, o primeiro passo é buscar informação e formação, desde a liderança da empresa até seus trabalhadores. O segundo passo, especialmente se a empresa é exportadora ou depende de produtos importados, é desenvolver um diagnóstico, para avaliar o nível de maturidade em ESG e os riscos aos quais a empresa está exposta. Todas as etapas exigem conhecer as leis europeias, nas quais Portugal está enquadrado.

O tema, inclusive, será alvo de solicitações em algum momento. “Surgirão solicitações sobre questões de sustentabilidade que a empresa precisará atender. Portugal lançou, em 2023, a sua Estratégia de ESG para PME exportadoras, reconhecendo que as pequenas e médias empresas serão em breve questionadas sobre os impactos de seus negócios e precisarão fornecer respostas para permanecer no mercado”, ressalta a brasileira.

amanda.lima@dn.pt

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